BRASÕES E ESCUDOS

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Costuma-se associar os brasões com pedantismo, mas não é assim. Muitos brasões se originaram da gravura da casa ou do estabelecimento comercial do portador: na Idade Média, a maioria da população não sabia ler, então os comerciantes marcavam com gravuras os seus armazéns, tavernas, estalagens e hospedarias, com a finalidade de torná-los facilmente identificáveis para os clientes sem instrução. E também as casas tinham a marca de identificação acima da porta. Esta marca era a identificação das pessoas que moravam na casa e com ela era marcado o gado de sua propriedade e as lápides dos túmulos dos seus falecidos.

O costume de dar nomes a casas surgiu principalmente nas áreas rurais e nas aldeias. Os nomes eram o único identificador exclusivo de um imóvel. A utilização de nomes em casas nasceu da necessidade de definir uma propriedade, casa ou fazenda, definindo o posicionamento (a demarcação do lugar), em uma época em que não havia registro de imóveis nem ruas definidas que justificassem o uso de números nas casas. Isso foi importante para a atribuir determinados direitos e deveres legais, cobrar impostos, localizar pessoas.

Na Alemanha, em quase todas as regiões rurais, os nomes das casas tradicionais ainda estão em uso, principalmente nas localidades mais antigas. Nas cidades e nas aldeias, muitas casas ainda têm marcadas em destaque os nomes individuais, que se relaciona aos antigos proprietários com os detalhes distintivos. Ao longo das gerações, os nomes da casa foram sendo transmitidos oralmente, portanto, muitos nomes ficaram incompreensíveis ou engraçados. As residências também tinham acima da porta um símbolo relacionado ao nome. Era um sinal ou gravura pintada a mão (como hoje cada casa tem o seu número para facilitar a localização e o endereçamento) e todas as pessoas que nela moravam estavam relacionadas a este sinal. Muitos sobrenomes foram adotados de acordo com tal símbolo. A marca da casa podia ser o desenho de um animal criado pela família (boi, ovelha, porco) ou algo referente ao alimento que cultivava em seus campos (trigo, feijão, cevada) ou a folha de uma árvore que tinha relação com a história da família ou uma ferramenta referente ao ofício das pessoas que nela moravam.

Mais tarde os símbolos das casas e dos comércios evoluíram para os brasões. A dificuldade em se identificar as pessoas numa guerra também contribuiu para o uso dos brasões. Nestes casos o soldado usava o mesmo escudo do burgo ou do nobre para o qual prestava serviço. Portanto não há nenhuma pretensão de se mostrar nobre ou de sangue azul porque nem todos os brasões têm origem nobre…