Entre os escandinavos, o freixo personificava a lendária Yggdrasil, a árvore que estampa o funcionamento harmonioso do Universo. Não que exista uma árvore extraordinária na dimensão do Asgard, mas com certeza é o conceito original da Yggdrasil que, com liames invisíveis e um simbolismo impressionante, esclarece como os opostos (o micro e o macro, o passado e o futuro, o tangível e o intangível, o masculino e o feminino, o material e o metafísico, a ordem e o caos, a evolução e a involução, a luz e a escuridão) se alternam e se conjugam na totalidade.
As árvores criam um espaço social com a sua sombra e a sua beleza, fornecem frutos, madeira para a construção de casas, lenha para garantir o fogo nos invernos rigorosos, elementos com virtudes terapêuticas (sementes, casca, flores, raízes, óleo) e atração para os insetos e as aves. A árvore física contém a vida em movimento perpétuo, a busca permanente de evolução (dada a sua ascensão vertical) e a regeneração constante (partes dela estão sempre nascendo, ao mesmo tempo que outras partes estão continuamente morrendo). Além disso, ela estabelece uma comunicação total entre os três níveis de Midgard: o subterrâneo (as profundezas nas quais as raízes se infiltram para esquadrinhar água e minerais), a superfície (onde estão o tronco e os galhos) e a imensidão do céu (alcançada pelos ramos superiores). Ela faz o papel de eixo ao conectar os raios de sol em suas folhas com a escuridão em suas raízes.
Como símbolo, a árvore adquire relevância pelo fato de sintetizar a visão completa do Cosmos. Nela, se congregam todos os elementos: a água que flui pelo seu interior, a terra que se integra em seu corpo de permeio às raízes, o ar que alimenta as folhas e o fogo obtido na fricção de sua madeira. Como se isso não bastasse, a árvore representa o transcorrer dos tempos, pois encerra em si todas as etapas da ancestralidade: as suas raízes secretas são os antepassados (a base de tudo), o tronco é o próprio ser humano e a parte superior (galhos, folhas, frutos e flores) são os filhos que precisam nascer e frutificar numa contínua expansão da vida. O passado, o presente e o futuro estão contidos neste símbolo.
Entre os germânicos da Europa central, a manifestação visível do vasto simbolismo da Yggdrasil estava no carvalho alemão. Magnífico e rico de significados, chamado de ‘eixo do mundo’, ele foi, em todos os tempos, sinônimo de solidez e confiabilidade. Essa é a impressão clara que a sua árvore na idade adulta transmite. O carvalho era sagrado devido à sua longevidade. Podendo viver além de mil anos e produzindo uma madeira das mais resistentes, só podia ser merecidamente reconhecido. Desde muito cedo, os germânicos perceberam que o carvalho, com a sua majestosidade (chegando a uma altura de quarenta metros), era a árvore que mais atraía os raios. Por esse motivo, eles o encaravam como uma ligação com os céus – uma espécie de morada dos deuses aqui na terra média. Ainda que a árvore em si não fosse cultuada, vigorava a ideia de que nela havia algo espiritual. As cerimônias mais relevantes, como as coroações dos reis, eram encenadas à sombra de um carvalho.
O carvalho (designação das espécies do gênero Quercus) é a árvore mais magnífica e mais rica em significados. Um símbolo da sabedoria e da força física e moral, com o seu tronco robusto e as suas folhagens espessas, o carvalho representa a árvore por excelência, o centro e o eixo do mundo. O carvalho alemão é o “Deutsche Eiche” ou “Stieleiche” (Quercus robur) que teve uma íntima relação com o povo germânico desde idades não registradas que se perdem no tempo. Nas antigas tradições alemãs, esta árvore era sagrada devido à sua longevidade: podendo viver mais de mil anos e produzindo uma madeira das mais fortes e resistentes do mundo, só podia ser merecidamente reconhecida. O carvalho, em todos os tempos e lugares, foi sinônimo de força: esta é a impressão clara que sua árvore na idade adulta transmite.
Em épocas mais recentes o Stieleiche figurou nas moedas da Alemanha e muitos imigrantes luteranos alemães nos séculos XVIII e XIX, quando embarcavam em direção às Américas, ganhavam mudas desta árvore para plantar nas novas pátrias. Atualmente está no euro alemão juntamente com a águia imperial e o portão de Brandemburgo.
Adotado desde tempos imemoriais pelo povos germânicos para representar a sabedoria e a renovação perpétua, um templo que ligava céu e terra, deuses e homens, o carvalho permanece até hoje como um extraordinário símbolo e um produto dos mais preciosos para a fabricação de bens duráveis.