(Este conteúdo não faz parte do ZEITGEIST)
Os sobrenomes alemães encerram muita História. Pesquisando as origens dos nomes de família, concluímos que estes chegaram até nós de diferentes formas e podem ser classificados em muitas categorias, as quais, em muitos casos, estão inter-relacionadas porque são comuns sobrenomes que têm duas ou mais origens possíveis. Abaixo, em ordem alfabética, algumas possibilidades:
- ADMINISTRATIVOS
- ALEMANIZADOS
- APELATIVOS
- CIRCUNSTANCIAIS
- CRIADOS
- DIFERENCIADORES
- HABITACIONAIS
- HÍBRIDOS
- HOMEONÍMICOS
- METAFÓRICOS
- ONOMÂNICOS
- ORNAMENTAIS
- PATRONÍMICOS
- PROFISSIONAIS
- TOPOGRÁFICOS
- TOPONÍMICOS
****
- ADMINISTRATIVOS
O sobrenome administrativo (Amtsname) é de natureza ocupacional, mas difere dos sobrenomes profissionais comuns porque se refere a funções administrativas ou empregos públicos dentro da hierarquia do Estado: cargos da nobreza, autoridades, juízes, administradores, gerentes, burocratas, auxiliares e outras graduações obtidas por nomeações. Incluem-se nesta categoria os cargos operacionais com responsabilidades específicas na execução de tarefas de rotina do governo, as patentes do exército e os encarregados de funções comunitárias locais. Exemplos: Richter, Renner, Graff, Kostler.
- ALEMANIZADOS
Durante séculos, os contatos culturais, comerciais, diplomáticos e militares, com países próximos ou afastados, exerceram significativa influência sobre a onomástica alemã. Alguns sobrenomes alemães são versões germanizadas de nomes oriundos do Grego, do Latim, do Francês, do Polonês e de outras línguas. A maioria destes sobrenomes eram alemanizados porque todo nome próprio estrangeiro pode assumir grafia em Alemão e no correr dos anos continua a sofrer o processo natural de adaptação, abreviação e simplificação. Outros mantinham-se originais e também há muitos nomes universais que têm suas versões em diversos idiomas e que estão presentes no idioma alemão. E também há nomes homólogos, que não são exatamente versões, mas similares equivalentes de nomes estrangeiros, uma espécie de tradução literal, dada a necessidade de se ter em Alemão aquela palavra. Muitos outros tiveram extraordinária popularidade por serem homenagens a santos cristãos de outros países ou nomes de origem bíblica. Ao longo dos séculos, os sobrenomes passaram de país para país, sofreram alterações e evoluíram em mil versões, muitas delas bem diferentes da grafia original. É interessante procurar o significado da nome alemanizado (Verdeutschung) no idioma de origem. Exemplos: Krins, Maas, Balter, Klemt, Pontius.
- APELATIVOS
Também chamados de antropomórficos, os sobrenomes originados das características (Spitznamen) das primeiras pessoas a quem eles foram dados constituem uma das mais variadas categorias de nomes de família. As pessoas do povo que não possuíam propriedades nem profissões tradicionais tinham apelidos que as identificavam de acordo com sua aparência: o grande, o pequeno, o ruivo, o gordo, o magro, o velho, o novo, o grisalho, o escuro, para indicar estatura, cor da pele ou do cabelo ou sinais marcantes.
Basicamente os apelidos davam pistas dos atributos físicos, mas também surgiram muitos nomes alusivos a peculiaridades psicológicas, morais e comportamentais: o ligeiro, o corajoso, o nobre, o valente, o briguento, o esperto, o alegre, o experiente, o pacífico, o respeitado, o calado, o religioso, o sabichão, o tagarela, o indolente e mil outros.
Muitos sobrenomes alemães de característica se alteraram ortograficamente com o passar do tempo, muitas vezes perdendo a semelhança com as palavras das quais se derivaram. Alguns podem ser engraçados, alguns surpreendentes, outros embaraçosos, porque muitos apelidos contém boas doses de sarcasmo e troça. Em alguns casos não se pode levar a sério o significado de um sobrenome pelo que entendemos atualmente, pois o sentido de cada palavra muda com o tempo. O sobrenome ‘rei’ pode ser de característica, dado por ironia a alguém muito pobre. Assim como também por gozação um cidadão comum do povo pode ter adotado nomes como ‘cavaleiro’, ‘imperador’ ou ‘papa’. Uma pessoa travessa, astuta ou muito ruiva podia ser chamada de ‘raposa’; um bom nadador, ‘peixe’; um homem muito quieto, ‘gato’ ou ‘pombo’; e assim por diante.
Concretamente, muitos nomes podiam ter um significado positivo ou neutro, mas as designações acrescentadas pelo povo aos nomes normais dos indivíduos, com base em certas particularidades ou certas qualidades físicas ou morais dignas de nota, eram facilmente irônicas, jocosas ou até insultuosas e depreciativas. Mesmo assim, o papel que os apelidos tiveram na formação de sobrenomes foi considerável.
Como alcunha, o caráter do apelido foi passageiro, tendo ficado restrito aos primeiros portadores, enquanto sua significação como sobrenome permanece. Para os filhos e netos que receberam como um sobrenome já consagrado não haverá o sentido de alcunha, uma vez que eles não possuem os mesmos atributos físicos ou psicológicos de seu ancestral longínquo. Exemplos: Fauster, Gross, Finger, Rothermel.
- CIRCUNSTANCIAIS
Determinados apelidos podem surgir por causa de circunstâncias políticas ou eventos com data marcada e sua percepção permanece no imaginário popular. Eles desaparecem se suas causas se esgotam da memória coletiva. Muitos apelidos deste tipo muitas vezes têm significação apenas local ou regional.
O sobrenome de circunstância (Umstandsname) na origem foi um nome próprio que relacionava um indivíduo com alguma situação digna de ser lembrada ou decorrente de algum fato no ato do batismo: a adoção do nome de acordo com o mês de nascimento ou alguma data especial ou cujo nascimento coincidiu com um acontecimento digno de nota ou algo verdadeiramente notável que ele fez em vida que originou um apelido marcante e que merecia ser transmitido para os filhos. Entre os germânicos, Dagobert era um nome para os nascidos no raiar do dia, no romper da manhã; Sontag, para os nascido num domingo; May, para os nascidos no mês de Maio; Rommer, para os que fizeram peregrinação a Roma. O nascimento de gêmeos também foi assinalado: em Alemão suíço o nome Zuínglio significa gêmeos. Outros nomes circunstanciais indicavam a seqüência cronológica do nascimento dos filhos dentro de uma família: o primeiro filho nascido, o segundo nascido, o terceiro nascido e assim sucessivamente.
- CRIADOS
Um sobrenome pode ser formulado ou criado (Erfundener Name). Nesta categoria é possível incluir todos os antropônimos atípicos provenientes do arbítrio, excentricidade, acaso, erro, superstição, fantasia, moda, desejo de reviver sobrenomes ancestrais e tantos outros motivos. Alguns podem ter sido inventados para ser prenomes, movidos por modismo do momento, e logo em seguida se tornaram nomes de família. Outros podem ter ser criados por diversas razões como o desejo de reviver nomes ancestrais que não aparecem nos documentos e cuja grafia não se sabia corretamente, a falta de compreensão dos nomes anteriores e os equívocos com troca, acréscimo ou supressão de alguma letra ou sílaba. Exemplos: Hitler, Feickert.
- DIFERENCIADORES
O sobrenome diferenciador (Standesname) diferencia pessoas dentro de contextos específicos. Muitos dos nomes de família em toda a Europa refletem a posição social ocupada por seus antepassados em relação às demais pessoas na aldeia onde viviam e trabalhavam ou dentro de sua própria família. O uso da condição social como apelido se mostrou uma maneira prática para não confundir os indivíduos. Mais tarde estes apelidos foram oficializados como sobrenomes definitivos e hereditários. Noutras vezes pode apontar motivos ocupacionais, fazendo alusão à posição da pessoa dentro da corporação de ofício, mas são diferentes dos sobrenomes profissionais comuns porque se referem a situações, níveis ou graus de momento. Outros foram originados em função das relações de trabalho no sistema feudal, distinguindo um homem livre de um servo, estabelecendo a diferença entre um aprendiz e um mestre ou entre um aspirante e um cavaleiro. Também pode diferenciar pessoas de acordo com suas funções numa comunidade religiosa. Algumas vezes a compreensão é dificultada pela inexistência de parâmetros de comparação. Exemplos: Giesel, Junker, Freier, Hübner, Dreyer.
- HABITACIONAIS
O nome habitacional (Hausname) marcava o local da menor unidade municipal, a casa como o espaço de vida, a propriedade particular (casa e jardim). O costume de dar nomes a casas surgiu principalmente nas áreas rurais e nas aldeias. O nome era o único identificador exclusivo de um imóvel. A utilização de nomes em casas nasceu da necessidade de definir uma propriedade, casa ou fazenda, definindo o posicionamento (a demarcação do lugar), em uma época em que não havia registro de imóveis nem ruas definidas que justificassem o uso de números nas casas. Isso foi importante para a atribuir determinados direitos e deveres legais, cobrar impostos ou localizar pessoas.
Na Alemanha, em quase todas as regiões rurais, os nomes das casas tradicionais ainda estão em uso, principalmente nas localidades mais antigas. Nas cidades e nas aldeias, muitas casas ainda têm marcadas em destaque os nomes individuais, que se relaciona aos antigos proprietários com os detalhes distintivos. Ao longo das gerações, os nomes da casa foram transmitidos oralmente, por isso muitos deles ficaram incompreensíveis ou engraçados. As residências também tinham acima da porta um símbolo relacionado ao nome. Era uma gravura pintada à mão ou placa gravada colocada sobre a porta de entrada da residência (como hoje cada casa tem o seu número para facilitar a localização e o endereçamento) e todas as pessoas que nela moravam estavam relacionadas a este sinal. Muitos sobrenomes foram adotados de acordo com tal símbolo. A marca da casa podia ser o desenho de um animal criado pela família (boi, ovelha, porco) ou da folha de uma árvore que tinha relação com a história da família ou de uma ferramenta referente ao ofício das pessoas que nela moravam ou de algo referente ao alimento que cultivava em seus campos (trigo, feijão, cevada).
Nos comércios também ocorria algo semelhante. Como na Idade Média a maioria da população não sabia ler, os comerciantes marcavam com gravuras os seus armazéns, tavernas, estalagens e hospedarias, com a finalidade de torná-los facilmente identificáveis para os clientes sem instrução. Esta marca era a identificação das pessoas que moravam na casa e com ela era marcado o gado de sua propriedade e as lápides dos túmulos dos seus falecidos. Exemplos: Fuchs, Schwan, Strauss, Stork, Adler.
- HÍBRIDOS
O sobrenome híbrido (Hybrid) combina duas ou mais origens ou tem diferentes elementos em sua composição. Geralmente trata-se da junção de dois sobrenomes consagrados, cujos significados não têm relação entre si. Talvez isso ocorreu com as pessoas que tinham os sobrenomes paterno e materno e, nas gerações posteriores, os sobrenomes se fundiram, tornando-se um único. Exemplos: Schwarzenegger, Ratzinger, Dungelöff, Vosgrau.
- HOMEONÍMICOS
Os sobrenomes da categoria dos homeonímicos (Herkunftsbezeichnung) fornecem a indicação de um povo, vieram de nomes que apontam motivos étnicos e designam origem em uma determinada tribo, clã, núcleo humano definido por uma identidade específica: hesseanos, flamengos, frísios, prussianos, bávaros, boêmios, anglos, etc. Pode ser compreendido como uma espécie mais abrangente do que os toponímicos ou os patronímicos, no entanto são diferentes porque têm uma origem maior, não tão restrita quanto uma família ou uma cidade. Refere-se a um grupo humano que viveu em alguma região ou que teve uma liderança inicial de um patriarca, e que, embora distanciado desta origem ainda tinha fortes sinais de identificação. Exemplos: Hissnauer, Fläming, Fries, Preuss, Franken.
- METAFÓRICOS
Em Alemão muitos sobrenomes provém de antigos nomes próprios compostos de duas partes e que formam uma sentença simbólica. O sobrenome metafórico (Metaphorik) refere-se a qualidades de qualquer natureza sem mencioná-las, mas que ficam expressas de modo metafórico em uma sentença. Geralmente são qualidades de força, bravura, rapidez e inteligência comparadas com algum deus nórdico ou com nomes de animais imponentes (águia, urso, leão, lobo e outros) ou nomes de objetos inanimados come simbolismo conhecido. São comuns os nomes teutônicos com significados subentendidos: Godebert, “homem brilhante como um deus”; Astolf, “homem impetuoso e bravo como o lobo”; Everard, “homem forte como o javali”; Arnold, “homem poderoso como a águia”; Burkhard, “homem forte como a fortaleza”. Mais exemplos: Gottlieb, Schweickert, Vollbrecht, Willhelm.
- ONOMÂNICOS
Estes sobrenomes são os que provém de nomes próprios antigos mais populares (Vornamen) que descreviam determinadas virtudes. Os nomes onomânicos tiveram primitivamente caráter de alcunha, pois eram as características que os pais desejavam para os seus filhos. Em todas as culturas havia a crença que de algum modo que as crianças seriam impelidas para as qualidades identificadas com o espírito do nome. Além disso, de acordo com as crenças onomatomantes, há em cada nome um conjunto de qualidades, boas ou más, que se verifica desde a origem, com os indivíduos que trouxeram tais nomes à existência e que se repetem, diminuídos ou acentuados, nos sucessivos portadores dos mesmos.
Nos primórdios da Idade Média os homens acreditavam que as qualidades contidas no nome fariam parte da personalidade do indivíduo, influenciando a sua natureza e transmitindo a eles determinadas qualidades. Muitos nomes de família alemães indicam descendência de homens cujos nomes eram compostos de elementos relacionados a qualidades de bravura, coragem, audácia, castelo, espada, batalha, brilho. Nomes originados de palavras como Stärke (força, firmeza), Weisheit (sabedoria) e Furchtlosigkeit (intrepidez, determinação) eram populares. Uma criança que recebia um nome destes poderia crescer, provar suas virtudes e confirmar as expectativas dos pais.
Outros nomes onomânicos, dados aos filhos com a finalidade de evocar um futuro feliz, significavam riqueza, prosperidade, vigor, saúde, felicidade, sucesso, renome, fama e reconhecimento. Os pais assim nomeavam seus filhos porque queriam que eles tivessem estes destinos quando crescessem. Com o passar do tempo estes prenomes, de forma simples ou combinada, passaram a ser sobrenomes. Exemplos: Willrich, Ahlert, Ballmann, Daudt, Ricken.
- ORNAMENTAIS
Existe uma grande quantidade de sobrenomes com conotação poética ou ornamental (Verzierungsnamen) que foram concebidos num período um pouco mais tardio, entre os séculos XIV e XVII, quando ninguém podia se dar o luxo de não ter um sobrenome. Muitas vezes inspirados em personagens poéticas enriquecidas de beleza e graça pela imaginação ou pessoas fictícias de obras literárias ou teatrais de comportamento admirável, estes sobrenomes se proliferaram nos países germânicos. A principal produção artística da época foram as novelas de cavalaria e a lírica trovadoresca, nas quais eram retratados os ideais nobres e as relações de suserania e vassalagem. É compreensível que estes sobrenomes evocassem as belezas e os elementos contidos na natureza, na terra e nos céus: luz, claridade, flores, cores, sol, montanha, fogo, árvores, lua, estrelas, etc. Exemplos: Ilg, Dille, Steinberg, Edelweiss..
- PATRONÍMICOS
O sobrenome patronímico (Patronymik) é formado por um genitivo derivado do nome do pai com algum complemento que indicava a filiação no nome de batismo dos filhos e netos. Quando um nome de família deriva de um nome pessoal, usualmente é o nome do pai do portador que o adotou e transformou em um sobrenome fixo, transmitindo-o orgulhosamente para os filhos e depois, continuou adotado nas gerações seguintes. Os sobrenomes patronímicos sobreviveram até hoje consolidades como sobrenomes esvaziados do seu sentido primitivo (expressar filiação). Identifica-se estes sobrenomes na língua alemã pela sua terminação: -i, -en, -s (simplificação ou abreviação de sohn ou sehn), -ke, -klein, ing, ung (que designam a filiação, para denotar “filho de”). Exemplos: Petri e Peters, filho de Pedro; Martini, filho de Martin; Sebastiani, filho de Sebastião; Lauxen, filho de Lucas; Hansen, filho de João, Edeling, filho de Edel; Adelung, filho de Adel; Harding, filho de Hard. Pode ser matronímico também, quando foi originado por parte de mãe. Exemplos: Engels, Eggers, Erichsen, Franks, Gerling.
- PROFISSIONAIS
O sobrenome de profissão, ofício ou maestria (Berufsname) remete aos instrumentos de trabalho ou as tarefas executadas pelos indivíduos e foram adotados de acordo com este motivo.
Na Idade Média, quando os ofícios eram quase que hereditários, uma parte considerável dos sobrenomes alemães se formou em razão da ocupação ou gerados em torno de alguma atividade remunerada, ou seja, anexando a profissão ao primeiro nome. Estes sobrenomes são o espelho daquilo que alguns ou vários indivíduos faziam para sobreviver. Os sobrenomes relacionados a profissões sobreviveram principalmente porque primeiramente nos feudos e posteriormente nas corporações de ofícios a profissão era passada de pai para filho. Mesmo profissões humildes eram prestigiadas em virtude das contribuições em prol da sociedade e do bem comum naqueles tempos. Em alguns casos a compreensão é dificultada por se tratar de profissões que já deixaram de existir.
Derivados da função exercida pelos primeiros portadores, os nomes de profissão apareciam em todas as cidades ao mesmo tempo, geralmente com as terminações ‘er’ e ‘mann’. Cada aldeia tinha os seus Bauer, Gardner, Fishermann, Jäger, Müller, Schneider, Schmidt, sendo que as pessoas de uma localidade não tinham necessariamente relação de parentesco ou amizade com as pessoas que tinham o mesmo sobrenome de outras localidades próximas. Como na sociedade medieval era muito difícil ir além da classe social na qual o indivíduo tinha nascido, o mais comum era continuar as atividades do pai, herdando o ofício e o sobrenome. Mais exemplos: Buttner, Fischer, Müller, Geisel, Grutzmann.
- TOPOGRÁFICO
Pelo fato de se reportar a um espaço físico determinado, a um ponto de referência específico, o sobrenome topográfico (Wohnstättename) geralmente é mais fácil de ser reconhecido. Dentro desta categoria temos os sobrenomes que descreviam a cena geográfica do local onde os portadores iniciais estavam residindo. Isso quer dizer que era um apelido que identificava as pessoas que moravam num lugar com determinadas características dignas de nota (uma floresta fechada, um espinheiro, uma estrada) ou em uma casa perto de um acidente geográfico (rio, riacho, cachoeira, montanha), às vezes indica a posição da casa na cidade (se estava no fim da cidade ou na proximidade dos muros) ou a localização dentro da propriedade rural (se estava na proximidade do mato, do campo aberto, do pasto comunitário ou na divisa de outra propriedade). E as pessoas que moravam naquela casa ficavam conhecidas com o apelido topográfico de uma tal maneira que, quando iam morar em outro lugar, continuavam a ser chamadas com o mesmo. Exemplos: Heide, Sand, Bechler, Beich, Berger.
- TOPONÍMICOS
A categoria dos sobrenomes de localidade engloba aqueles que têm suas origens no povoado ou na cidade de nascimento do portador inicial, ou seja, o berço da família, originário do nome de uma cidade ou vila onde nasceu o primeiro elemento familiar. O sobrenome desta categoria (Ortsname) foi adotado para indicar o lugar de onde a pessoa tinha vindo, referindo-se à povoação ou burgo onde ela havia morado ao menos uma vez na vida e que, por qualquer razão, tinha deixado este seu local de origem.
Na Idade Média, nos dias anteriores ao desenvolvimento do sistema de sobrenomes hereditários, era comum a prática de dar o nome da cidade de origem como um sobrenome informal. Quando um indivíduo mudava de residência, indo se estabelecer numa cidade maior ou noutra região, o nome da sua cidade de origem passava a ser um apelido depois do seu prenome. Se o indivíduo Johan tinha vindo de Bremen, era reconhecido como Johan Bremen, ou seja João de Bremen. Um outro, vindo de Berlim, seria denominado por Johan Berliner, ou seja João berlinense. E seus descendentes, mesmo sem conhecer as cidades de seus pais e avós, podiam continuar usando aquelas designações. Depois estes apelidos de localidade foram oficializados como sobrenomes definitivos e hereditários. Exemplos: Berloch, Diefenbach, Enser, Fensterseifer, Freudenthaler.