AS DUAS MENTES

O conceito de duas mentes, cada qual com funções completamente diferentes, adquire uma nova dimensão em ZEITGEIST OS DEUSES DO TEMPO. Tanto que uma é apresentada como masculina (O Consciente, com funções de homem) e a outra feminina (A Subconsciente, com funções de mulher). Os pensamentos no estado de vigília são diferentes dos pensamentos e imagens aos quais somos acometidos durante os sonhos. Diariamente (do sono para a vigília e vice-versa), a mente vai alternando as suas duas maneiras de pensar e de encarar os vários acontecimentos.

A atividade predominante nas horas de sono está relacionada com uma mente um tanto quanto graciosa, misteriosa, airosa, velada, furtiva, excêntrica e fugidia (a subconsciente), cujo funcionamento só pode ser desvendado se a ela atribuirmos dois predicados explicativos básicos (feminina e criança). Nela, estão todos os comportamentos, qualidades e papéis da mulher.

É vasto o conhecimento teórico disponível sobre isso que se chama consciente (a mente lógica e raciocinativa que se comporta ativamente enquanto estamos despertos). Para fins de manuseio, podemos propor para ele dois predicados esclarecedores: masculino e adulto. Listando as características do homem, vemos que todas elas podem ser aplicadas ao consciente. Alcançamos assim, na prática, a compreensão integral.

É poético dizer que o homem é um microcosmo, mas só agora vamos entender toda a extensão e a veracidade dessa afirmação: de minuto em minuto nós portamos em nossa natureza as condições de adulto e criança, bem como os polos masculino e feminino. Ambas as mentes armazenam impressões e dados, cada qual de uma maneira diferente.

O consciente, homem que é, tem as funções masculinas e diurnas: raciocinar, tomar iniciativas, estar na vanguarda, se guiar na vida profissional e prover. Adulto que é (lógico, calculista, afeito à sequência linear), só pode testar e comparar tudo que passa em seu radar.

A subconsciente, mulher que é, demonstra as seguintes características: tímida, discreta, reservada, passiva, intuitiva, emotiva, furtiva, sentimental, sonhadora, envolta em fantasias e caprichos. Criança que é (receptiva e sem protagonismo), funciona sempre de modo subjetivo, pois aceita, acolhe e acumula cada informação sem se deter para processar, avaliar, diferenciar a verdade da mentira ou para organizar tudo de acordo com a noção de tempo. Permanecendo criança (sempre disponível para dar complemento às ações do consciente), ela tem o seu modo de condicionamento e uma linguagem própria de símbolos.

Podemos ter a brilhante ideia de procurar saber o que diz a ciência, contudo isso não rende grande coisa, pois a mente oculta faz parte do negrume, uma esfera na qual as ponderações científicas são inválidas. O termo utilizado na proposta acadêmica é “O Inconsciente”, palavra masculina ou neutra que dá a entender algo dormente, inócuo e desprovido de valor prático. A Psicologia precisa se valer desse termo porque faz um estudo analítico, e as suas conclusões não têm relação com o que estamos vendo aqui. Se usamos a expressão ‘a subconsciente’, é para deixar claro que embaixo há um outro poder inato, valioso, recôndito, recuado e imperceptível (a sua atuação é na parte baixa do círculo, a sua contraparte física está abaixo do neocórtex).

A mente feminina exerce uma influência decisiva e onipresente na condução da vida. Se nela forem gravadas crenças ridículas e absurdas na infância, a pessoa terá um destino ridículo e absurdo quando adulta.

É perfeitamente possível um adulto manter uma crença antiga e ser, no nível consciente, um ardoroso defensor de todos os argumentos que provam a falsidade da mesma. Isso ocorre porque aquela convicção foi gravada na infância por meio de palavras e histórias, ficando de tal modo arraigada que é quase impossível corrigi-la ou admiti-la como falsa.

No poço mental, as crenças mais remotas estão em áreas profundas; encontram-se fossilizadas, pois foram as primeiras a se sedimentar e serão as últimas a serem acessadas. Isso explica a perenidade das crenças da primeira infância: elas continuam determinando as ações na idade adulta, mesmo que a pessoa não esteja ciente disso. Em alguma medida, o adulto toma decisões inteligentes e racionais, mas acontece que essa razão está lastreada nos gostos e interesses remanescentes da infância.

 

Texto de ZEITGEIST – Os deuses do tempo