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Se não fosse a necessidade de nomes para os objetos e as pessoas a linguagem não teria surgido.
Antigamente, quando o mundo era menos populoso e cada homem conhecia seus vizinhos, uma indicação era suficiente para encontrar um indivíduo ou localizar o seu endereço. Não se usavam sobrenomes: durante milhares de anos, os nomes eram as únicas designações que homens e mulheres utilizaram. A confusão era inevitável porque os nomes pessoais eram usados de forma repetitiva. De qualquer forma, com o passar dos séculos e com a consolidação das distintas línguas, as designações para pessoas, objetos e situações continuaram se aprimorando.
Nas terras alemãs, o uso de sobrenomes remonta basicamente ao século XII, quando o aumento da população e a crescente complexidade da vida diária e do comércio, ocasionou o desenvolvimento de um sistema formal de identificação. Diversos sobrenomes como os que são portados pelas famílias atuais foram registrados na Alemanha e em outras regiões da Europa desde os tempos medievais.
A partir do século VIII já existiam algumas famílias com sobrenomes. Os primeiros a surgir foram os dos nobres, baseados nos locais de origem das suas propriedades, porque os nobres tinham um sistema de nomes estruturado desde épocas remotas. No início não eram exatamente sobrenomes, mas a designação das localidades que dominavam – e isso não apenas nos diversos reinos, ducados e principados de língua alemã que posteriormente vieram a formar a Alemanha, mas também em quase todos os países europeus. Assim, o “von” de muitos nomes alemães remonta aos nobres ‘donos de algum lugar’.
O homem do povo tinha no máximo um nome e, para não confundir muito, a indicação de uma característica física ou da profissão. Também eram adotadas indicações relacionadas ao lugar onde a pessoa morava ou sua condição dentro da família. A partir de 1150 iniciou-se o boom dos sobrenomes e atingiu o auge no período entre 1350 e 1650.
Muitas causas concorreram para o surgimento dos sobrenomes: questões de identidade cultural, proteção da descendência, heranças familiares, a curiosidade sobre a origem de um indivíduo, etc. Por parte dos burgos e das instituições religiosas também havia a crescente necessidade e o interesse de identificar melhor os cidadãos do povo, pois dependiam disso para sua contabilidade e para poderem cobrar impostos com mais segurança. De qualquer forma, o uso dos sobrenomes foi se firmando entre o povo até que toda a população estivesse sobrenomeada.
Nos primeiros séculos os sobrenomes até eram hereditários, mas não eram fixos ou imanentes. Uma pessoa podia trocar de sobrenome se estivesse insatisfeita com o mesmo ou se mudasse de cidade ou de profissão. Mais tarde a partir do século XV, os sobrenomes passaram a ser fixos para fins de registro, cobrança de impostos e para estarem de acordo com as leis de herança.
Além disso, quando os nomes de família estavam se popularizando, os padres e funcionários que faziam os registros, para o bem ou para o mal, se utilizavam de um idioma estrangeiro (o Latim), a escrita não era padronizada e não existia nenhuma regra para a composição dos sobrenomes das pessoas. Isso ajuda a entender a extraordinária quantidade de versões dos nomes de família. Estima-se que, computando-se todas as variações, exista atualmente cerca de 500.000 sobrenomes alemães. Mas não se sabe se alguém algum dia confirmou ou confirmará este número.