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Muitos sobrenomes se popularizaram mais que outros devido a algum impulso específico, como os que tiveram intenção de render homenagem. Em diversos casos os nomes eram dados aos filhos para prestar uma homenagem a um santo ou rei famoso, mesmo que não se soubesse o significado do nome. Como hoje muitos escolhem nomes da moda.
Em geral os pais escolhem os nomes dos filhos com base naquilo que conhecem e admiram. Se eles desejam dar ao recém-nascido um nome para homenagear alguém (uma personalidade famosa, um antepassado, um amigo, algum herói de romance), é porque puderam apreciar nas ações daquela pessoa as qualidades que eles admiram. Os sobrenomes relativos a instituições religiosas ou seculares também podem ser de homenagem quando tiveram esta finalidade, muito embora na maioria dos casos não é possível saber porque hoje eles já estão esvaziados da sua intenção inicial, quando foram dados às crianças como prenomes.
Desde os povos mais antigos, os pais buscavam a proteção divina para seus filhos e pode-se dizer que os nomes que contém fórmulas votivas de inspiração religiosa que tiveram a intenção de prestar honra às divindades foram escolhidos por este critério. Com o advento do cristianismo, a tendência de dar nomes divinos prosseguiu, sob a forma de homenagem ou consagração dos filhos aos santos e santas. A Igreja Católica incentivava o costume de dar nomes com motivos religiosos e recomendava aos seus fiéis a adoção de nomes de acordo com o dia do nascimento da criança (para cada dia há alguns santos e santas) a fim de que estes viessem a ser seus protetores e também para incentivar a devoção nas pessoas. Por isso, o calendário cristão foi consultado por muitas famílias cristãs desde épocas remotas, e quando não, justifica-se o nome pela particular devoção dos pais, avós, tios ou padrinhos. Todos os nomes dos santos foram largamente utilizados com intenção teófora. Inclusive muitos nomes de deuses pagãos foram nomes de santos importantes, o que os popularizou ainda mais.
Outros foram dados aos filhos com intenção totêmica de proteção divina ao grupo, ao clã ou à tribo, associados à um núcleo humano, e não apenas a um indivíduo. Um exemplo disso são os nomes dos santos padroeiros das profissões ou protetores de algum país ou os nomes dos patronos de alguma instituição.
No entanto, cada nome teóforo ou totêmico já tinha o seu significado original, por isso fica controverso dizer com certeza se o nome tinha a intenção totêmica ou teófora. E aqueles que realmente tinham estas intenções foram esvaziados do seu sentido temporário (de afirmar uma fé ou prestar uma homenagem) e sobreviveram como sobrenomes.
O mesmo aconteceu em menor medida com vassalos que adotaram seus nomes em função da ligação que tinham com alguma família fidalga alemã que os patrocinava. Na Idade Média muitos servos passaram a usar os mesmos sobrenomes dos seus patrões, mas fica quase impossível afirmar com certeza que o sobrenome foi adotado por este motivo, porque depois de tantos anos, foram esvaziados do seu sentido temporário (a ligação com algum nobre) e sobreviveram como sobrenomes com seus significados originais.