(Este conteúdo não faz parte do ZEITGEIST)
Um assunto praticamente desconhecido fora dos países de língua alemã poderia ser útil para reconsiderar a maneira real que estamos vivendo e reavaliar nosso modo de pensar. Ocasionalmente na História dos grupos humanos surgem os grandes movimentos de retorno à natureza, dos quais há muitas ramificações menores hoje em dia. Nos agrupamentos urbanos é inevitável que o homem ache motivos para aplicar sua inteligência em confortos e prazeres. Reunindo-se em cidades, as pessoas entram em contato, fazem negócios, trocam idéias, a vida se torna cômoda, o intelecto se aprimora para todo tipo de criação, as artes florescem e os luxos se multiplicam. Mas a civilização também apresenta males como as restrições sociais, a complexidade cultural e todos os problemas urbanos, por estes motivos sempre há indivíduos com dificuldades de adaptação que desejam uma romântica volta à natureza. Os adeptos da volta à natureza, cansados da extraordinária confusão das cidades, acreditam que é possível voltar atrás neste processo.
No século 19 na Alemanha já se experimentava a vida moderna tal como a conhecemos hoje (consumo e mercantilismo desenfreados, alcoolismo e surgimento de diversas doenças oriundas do novo estilo de vida) e havia no ar uma espécie de necessidade de escapar de uma sociedade sufocante, um desejo de virar a mesa contra o sistema. Por isso, fazendo jus à mais genuína tradição alemã de vida ao ar livre, desenvolveu-se um movimento social que pregava um paradigma saudável de volta à natureza, a Lebensreform (reforma da vida). Dava alto valor à ingestão de alimentos saudáveis, crus e orgânicos, o nudismo, a medicina alternativa, reformas religiosas e ao mesmo tempo, a abstenção de álcool, fumo e drogas.
A Lebensreform era ampla e tinha ramificações em todo o comportamento humano, teve um impacto grande durante as primeiras décadas do século 20. Seu objetivo era devolver um estilo de vida para a humanidade de uma maneira natural, dietas saudáveis livres de toxinas baseadas em comidas orgânicas, vegetarianismo, medicina natural, atitudes contrárias à idade das máquinas na Europa Ocidental e ao “bem-estar” moderno.
O movimento não tinha um líder e nem uma organização que cuidasse de sua perpetuação. Alguns expoentes desta filosofia foram Sebastian Kneipp, Kuhne Louis, Rudolf Steiner, Karl Wilhelm Diefenbach, Adolf Just. Como era de se pode esperar, o movimento morreu com facilidade, principalmente devido à fragmentação de seus partidários em diferentes subgrupos e sub-culturas, cada qual com interpretações peculiares. Um dos movimentos originados foi o Bewegung Volkische, que promoveu a revitalização das sociedades tradicionais baseada na agricultura e artesanato. Alguns outros que se desviaram se tornaram comunistas. Muitos expoentes da Lebensreform emigraram para a Califórnia e bem mais tarde influenciaram diretamente o movimento hippie. Mas enfim, teve um alcance considerável em muitas correntes de pensamento atuais.
Alguns dizem que foi uma causa perdida, mas as causas que geraram o movimento estão mais vivas do que nunca: as crises ao redor do mundo, a angústia do ser humano, a multiplicação de doenças, a perda da saúde pela alimentação errada, etc, já detectadas naquela época por pensadores visionários.