OS PRIMÓRDIOS DO POLITEÍSMO

Talvez queiramos saber como a sabedoria germânica surgiu. Certamente essa tradição não foi inventada por uma pessoa ou por um grupo de pessoas de imaginação fértil. Houve um tempo, nos primórdios da linguagem, quando o ser humano estava conectado com o ambiente e dele obtinha informações para fazer a sincronização necessária, isto é, relacionando-se com a natureza e captando o seu funcionamento, podia adaptar o seu estilo de viver consoante ela. Qualquer um pode aprender isso. A conduta politeísta está amparada em realidades atemporais: os seus cânones atuavam na antiguidade, atuam hoje e atuarão eternamente (em todos os rincões do Universo) sem sofrer nenhuma interferência de modas ou costumes locais, funcionam com precisão se o indivíduo acredita e com igual precisão se ele não acredita, funcionam tanto para o ateu quanto para aquele que professa uma fé. Sem paralelos com qualquer sistema sectário, filosófico, científico, esotérico ou iniciático, essa conduta é tão clara e abrangente que não pode ser invenção de alguém.

Outro objetivo é cancelar a comparação com religião atual, baseada em crenças. Este conhecimento só é alcançado com a observação, e não com fé. Isso quer dizer que, se nós passarmos a prestar atenção na natureza e em tudo que ela nos mostra, chegaremos às mesmas conclusões a que os nossos predecessores chegaram. Os deuses germânicos, ao contrário dos deuses de outras culturas, não são criações da imaginação humana.. Eles são eternos no Asgard. Portanto, perde-se o paralelo com religião e crenças inverossímeis e emerge algo passível de escrutínio científico. O primeiro objetivo a ser alcançado é corrigir o erro histórico e fazer justiça.

A sabedoria germânica tem muito pouco a ver com as baboseiras contidas nos livros de mitologia.

Afora a ligação com alguns mitos nórdicos, o politeísmo saxônico não tem vínculos com nenhum conhecimento de qualquer outro povo. Na parte que toca à fé e à crença, se quisermos fazer um juízo melhor, podemos considerá-lo como consideramos a Filosofia, a Radiestesia, a Numerologia, a Cromoterapia, a Trofologia, o Feng Shui, o Yoga, a Medicina Tradicional Oriental ou até mesmo aquela Ciência Ocidental primitiva surgida na curiosa busca de evidências por meio da experimentação sistemática do funcionamento da natureza e fundamentada em protocolos realistas de testagem. São saberes que não podem ser comparados entre si, pois cada qual versa sobre um assunto diferente. A única característica inerente a todos é o fato de que neles a fé é desnecessária. Há que se fazer, contudo, uma ressalva: dentre esses ensinamentos racionais mencionados, a concepção politeísta é mil vezes mais útil, prática e interessante para nos ajudar a entender o mundo e a viver melhor.

 

Texto de ZEITGEIST – Os deuses do tempo